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Não ser a
prioridade de alguém não significa necessariamente que você não é importante
para aquela pessoa, seria até um ato egoísta acreditar nisso, contudo, não ser a
prioridade de alguém pode ser um grande problema.
Muita gente (e
talvez até você que esteja lendo este texto agora) sofre do que eu vou chamar
aqui de “complexo do prêmio de consolação”. Essas pessoas não se veem como
importantes na vida de alguém, e sim apenas como algo que está ali, sem fazer
muita diferença, as vezes até faz uma diferença boa ou ruim, mas na balança
geral das coisas, não tem grande impacto na vida de ninguém.
É como se o
seu melhor amigo não fosse o seu melhor amigo, e você continua solteiro, mas
ainda assim tem amigos e gosta de alguém. Na verdade, é você quem procura pelos
seus amigos, pois eles parecem que nunca vão atrás de você se você não der o
primeiro passo. Quem sofre desse complexo acredita mesmo ser apenas o prêmio de
consolação, que só é útil quando os outros não tem outra opção ou a prioridade
deles acaba falhando em algum momento, mas eles têm o prêmio de consolação.
Pessoas que
possuem esse complexo acabam se sentindo solitárias, mesmo em meio a muita
gente, elas não se veem como parte de algo maior ou até mesmo útil. Se questionam
com frequência se a existência delas tem algum efeito na vida de alguém.
Procuram por atenção, e são extremamente leais, com muita ansiedade querendo fazer
parte integrante da vida das pessoas queridas que fazem parte do círculo social
que vive.
Algumas
dessas pessoas até conseguem deixar o estado de solteiro, pois quando a
oportunidade aparece daquela pessoa que está saindo de um relacionamento ou
solteira a algum tempo, ela consegue agir rápido, pois está sempre ciente do
que está acontecendo.
Mas a
questão que fica é: Esse relacionamento é realmente algo bom e puro? A pessoa
está com o prêmio de consolação apenas para não ficar sozinha enquanto alguém
melhor aparece, ou será que ela realmente gostou da pessoa e não a trata como o
prêmio de consolação, mas sim como prioridade?
A
necessidade de reafirmação nessa situação para pessoas com essa síndrome é
aparente, e junto dela vem os ciúmes, e tudo isso faz parte do próprio ego dela.
Então vamos ao cerne da questão. A síndrome do prêmio de consolação geralmente
é uma fase, mas a duração dessa fase tem tempo indeterminado, pois a “cura”
para isso é o entendimento de algumas questões importantes na vida de quem
possui a síndrome, e infelizmente a tristeza e a falta de perspectiva não
deixam que a pessoa aprenda.
Por motivos
de facilitação de escrita, vou escrever a partir de agora como se o leitor
sofresse desse mal, e estivesse intrigado procurando uma “cura” para isso, no
sentido de não se sentir mais triste ou cabisbaixo por não ter o sentimento de
prioridade na vida de alguém. Vamos lá.
A
necessidade que você tem de que alguém se importe com você e te ame na mesma
intensidade que você ama os outros, de que apareça alguém que te dê bom dia e
dedique algum tempinho do dia dela para pelo menos demonstrar que você é
importante para ela, de que escolham você para os trabalhos em grupo na escola
ou na faculdade ou até em algum time na prática de algum esporte, tudo isso,
converge para a mesma coisa.
Essa mesma
coisa também é a convergência do sentimento de solidão que é proveniente desse
pensamento de que você não é importante na vida de ninguém, do tempo perdido
querendo exibir as coisas que você faz para obter aprovação das pessoas seja nas
redes sociais, no local onde estuda, ou onde trabalha. Todas essas coisas é a
falta de uma, o amor próprio.
Eu sei que
não é o que você queria ler, pois não é uma tática milagrosa e mágica que vai
fazer com que os seus amigos gostem mais de você e te priorizem, de que a
pessoa que você goste comece a te enxergar com outros olhos, de que as pessoas no
ambiente que você mais passa o seu tempo comecem a te admirar mais e queiram se
aproximar de você por você simplesmente ser quem é. Mas ao mesmo tempo o bom
uso dessa informação vai fazer com que essas coisas comecem a acontecer com
mais frequência.
Tem um velho
ditado que diz que se você se sente mal quando
está sozinho, é porque está em má companhia, reflita sobre isso e como isso
afeta as pessoas no seu círculo da mesma forma. Quando você passa a se amar, e
a se respeitar, buscar sendo a pessoa que você idealiza e gostaria de ser, sem
se preocupar com o que os outros vão pensar, com o que a sociedade vai apontar
os dedos para julgar, mas sim você fizer o que fizer por amor a si mesmo, e por
saber que aquilo vai te fazer bem sem prejudicar ninguém, é um ato puro, que vai
te elevar.
Quando você
começa a gostar da própria companhia, não vai ter tempo para ocupar sua mente
com o que fulano pensa sobre você, sobre como as pessoas vão te olhar e etc.
Você simplesmente vai gostar de estar na própria pele, e gostar da própria
companhia, e vai entender que você é um ser livre (e essa é a parte mais
difícil, pois você ser livre significa que as outras pessoas também são
livres). Então vai ficar feliz ao estar sozinho, e vai estar feliz ao estar em
companhia. Se ninguém viver a sua porta, ótimo, se alguém vier, ótimo também.
Não vai ter o que provar a ninguém, você vai buscar o que te faz bem, e não o
que vai fazer o outro bem enquanto você está em cacos. Não é egoísmo, é saber
cuidar de si mesmo e aumentar o seu valor como ser humano.
Se você quer
entender mais sobre esse processo, medite (procure o significado real de
meditar em algo) sobre um poema, apenas procure no google “Torne-se um só Osho”. Cada linha deste poema é uma lição de
vida, e todas essas lições convergem para o amor próprio, que é a cura para a síndrome
do prêmio de consolação. E quando você for a prioridade na sua própria história,
e não o prêmio de consolação, você vai deixar de ser o prêmio de consolação na
vida dos outros também.
Alisson David Frangullys – 28/MAR/2018
02:22 GMT -5 (Texto para o dia 09/MAR/2018)